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Organizadores da Missa do Vaqueiro denunciam atraso no pagamento

A Missa do Vaqueiro mobiliza todo o sertão
Arnaldo Carvalho / JC Imagem

Marcela Balbino

Oito meses depois da realização da Missa do Vaqueiro, em Serrita, os organizadores da festa denunciam atraso no pagamento. A celebração, que acontece há 46 anos, é uma das mais tradicionais do Sertão pernambucano e reúne várias pessoas da região. À frente da organização do encontro, a presidente da Fundação João Câncio, Helena Câncio, conta que as contas estão em aberto porque o governo do Estado, por meio da Empetur, não repassou o recurso. O valor em atraso é estimado em R$ 150 mil e é destinado ao pagamento da sonorização, iluminação, organização da vaquejada e limpeza do espaço.

“Nunca passamos por isso. O atraso, geralmente, era de dois meses, mas já estamos há quase 10 meses sem conseguir resolver isso. Chegamos a enviar cheques para fazer o pagamento, na expectativa que seriam poucos meses de atraso, mas eles voltaram porque a verba não chegou. Estamos endividados e sem previsão para receber”, lamenta. Helena desabafa e explica que já procurou a Empetur, a Casa Civil e até o governador Paulo Câmara (PSB) para resolver a situação, mas não conseguiu ter respostas.

A parte destinada ao pagamento do cachê dos artistas que se apresentaram não sofreu atraso, porque já foi paga pela Fundarpe no início do ano.

Helena conta que na gestão do ex-governador Eduardo Campos (PSB) a verba para festa girava em torno de R$ 700 mil, mas houve uma queda brusca na gestão de Paulo Câmara (PSB).

“Faltam quatro meses para a 47ª Missa do Vaqueiro, que se realizará no período de 21 a 23 de julho desse ano, e esperamos que esse que o governador veja o evento como a maior celebração cultural da região do Sertão, de modo que, o evento precisa ser tratado e programado com antecedência”, diz Helena.

Ano passado, o evento aconteceu entre os dias 22 e 24 de julho.

Procurada, a assessoria da Empetur afirmou que o pagamento foi feito nesta quarta-feira (29).

TRADIÇÃO

A Missa do Vaqueiro foi ideia de três amigos: o padre João Câncio, o Mestre Luiz Gonzaga e o poeta Pedro Bandeira – o único ainda vivo entre os três. Com a celebração na caatinga eles pretendiam chamar atenção para as lutas dos sertanejos, usando como mote um crime cujo autor nunca foi punido: o assassinato do vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga.

Jacó foi encontrado morto, nos anos 1950, no Sítio Lages, em Serrita. A sua morte nunca chegou a ser esclarecida. A seca, a fome, as diferenças e os combates do Brasil interior estão simbolizadas na Missa do Vaqueiro. ( JC).

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