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A Crise Geopolítica e o Dólar

A Crise Geopolítica e o Dólar – Os dias atuais temos 02 fatos que estão marcando a linha divisória na geopolítica mundial nos últimos 100 anos. O primeiro é a pandemia que impôs uma remodelagem econômica em todo o mundo, trazendo um choque brutal de oferta levando uma completa desestruturação de todas as cadeias produtivas globais e elevando a inflação, o fechamento das nações ao ingresso de pessoas e mercadorias, queda dos mercados financeiros, bolsa de valores, crise do sistema bancário, falências de empresas, ampliação do desemprego etc. Praticamente todos os governos foram obrigados a executarem políticas econômicas expansionistas anticrise para proteger o sistema econômico da bancarrota total. Mas, como todas as crises econômicas, ela possui seus elementos de aceleração e remodelagem do sistema econômico, da tecnologia, do mercado de trabalho, das novas relações sociais que se estabeleceram e, cada vez mais, do uso da inteligência artificial. O mundo pré-pandemia que conhecemos não existe mais sob muitos aspectos.

A pandemia da COVID – 19 acontece em um mundo já em imensas transformações econômicas e geopolíticas. E será dentro deste escopo que precisamos entender a pandemia e seus efeitos no cotidiano das nossas vidas. Que mudanças fomos obrigados a fazer? Que consequências cada um sofreu? Qual o impacto que tivemos em nosso entorno pessoal e familiar? As respostas a todas essas perguntas são as mais diversas possíveis, porém, algumas são ponto pacífico como da aceleração da velocidade das transformações tecnológicas, o trabalho híbrido, uma significativa mudança nas organizações públicas e privadas, as soluções e serviços digitais, o uso exponencial da inteligência artificial, enfim, um “admirável mundo novo” e disruptivo, como diria Aldous Huxley, só que parte dele sintetizado na palma da mão.

Diante do arrefecimento da pandemia o surgimento da Guerra da Ucrânia corroeu ainda mais a geopolítica iniciada no início do século XX, a partir da supremacia do dólar como moeda de referência das trocas internacionais. A Guerra da Ucrânia vai se apresentando como um embate crítico entre o “ocidente” e a Rússia, com o claro objetivo de colocar um cerco geopolítico e provocando um isolamento aos chineses. Essa verdadeira guerra por procuração está acelerando o processo de desestruturação do padrão dólar como moeda de referência do comércio internacional. A grande disputa geopolítica mundial se dá na verdade entre americanos e chineses. Do ponto de vista de guerra comercial os EUA já perderam. Estamos agora diante do último estágio do processo de transição geopolítica que é a esfera monetária, conforme já falava em 1999, Carlos A. Medeiros no livro “Estados e Moedas”, em que desta batalha sairá um novo padrão monetário internacional e os analistas atuais avaliam que ele estará centrado em uma cesta de moedas como o Dólar, Euro, Yuan, Iene e Rublo. Além dos acordos bilaterais de comércio em que os países vão comercializar nas suas próprias moedas como é o caso da China e Índia, China e Rússia, China e Arábia Saudita e etc. Enfim, vai surgindo uma nova arquitetura monetária, sobretudo no sul-global e os EUA, pelos fatos que vão surgindo, perderam a capacidade de impedir esse processo em acelerada transformação.

Geraldo F. S. Junior – É bacharel e mestre em economia pela UFCG. Foi Secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão de Petrolina -PE.

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