Por Beatriz Montenegro
Quando pensamos em amor de mãe, geralmente associamos a incondicionalidade deste amor com a emoção que conecta a mãe e filho e transcende dificuldades, desafios e explica o inexplicável.
Com o Dia das Mães chegando, esta data desperta no seu pensamento a sua mãe ou aquela que ocupa este espaço em sua vida. Junto do amor, tem a gratidão por termos a vida através dessa mulher, o reconhecimento de toda resiliência que ela teve por nós e a certeza de que queremos ser as melhores mães para os nossos filhos.
Vivenciar o Dia das Mães sendo mãe se torna inevitável assim como pensar no tipo da mãe que somos, ou compreender qual mãe que temos sido ultimamente.
Essa mãe real que sente diversas emoções e busca equilibrar muitas funções; que quer estar conectada ao seu filho e à sua vida pessoal, profissional e familiar; que quer ser amorosa e gentil e firme ao mesmo tempo; essa mãe real que, muitas vezes, se espelha no ideal e sofre com isso…
O caminho desta mãe real acontece através da reflexão sobre o tipo de mãe que sou hoje e da mãe que quero ser. Se nem sei para onde vou, qualquer lugar serve, não é mesmo? Essa frase de Alice no País das Maravilhas nos fala sobre a importância da nossa responsabilidade com a história materna. Saber para onde estamos indo com os nossos filhos é essencial para chegarmos a algum lugar.
Então, por onde começar?
Primeiro, acredito que devemos partir de uma reflexão que direta ou indiretamente nos faz questionar nosso papel como mães: nosso amor é condicional ou incondicional?
Sei que você já pensou que, com certeza, ele é incondicional, mas que tal partirmos juntas para uma reflexão sobre essa questão?
- Sempre busco mostrar ao meu filho que estou feliz com ele, pois suas atitudes são correspondentes às minhas expectativas,
- Sempre demonstro maior paciência e tranquilidade quando meu filho é obediente e atende aos meus pedidos;
- Sempre que me alegro com suas notas escolares, acabo abrindo exceções por conta disso;
- Sempre revelo meu incomodo e tristeza porque meu filho não atendeu ao que eu estava esperando dele;
- Sempre que minha relação com meu filho está numa moeda de troca, eu entrego uma orientação, uma ordem e ele realiza e ficamos felizes e conectados;
- Sempre que o não do meu filho gera em mim uma frustração gigantesca e eu não sei lidar com isso e levo para ele uma cobrança;
- Sempre que situações pequenas e corriqueiras acontecem na nossa rotina, eu demonstro que amo meu filho condicionalmente.
Nas situações acima há condição para amar! A condição da minha expectativa, do meu filho atender à minha necessidade de tranquilidade e de paz! A condição dele ser quem eu projetei, idealizei…
Amor incondicional é amor que conecta um com o outro ,independente de quem ele é. É o amor que aceita o outro, seja na birra do mercado, na madrugada em claro; no grito do shopping, na lição de casa não feita, na nota abaixo da média, na resposta torta, no quarto bagunçado, na louça que não foi lavada apesar do combinado, no choro insistente, mesmo que a gente não enxergue o motivo, no desejo da criança de fazer o que ela quer…
Amar incondicionalmente é também sobre mostrar os limites. É dizer que o combinado era importante, que ações possuem reações e consequências, mas que o amor não se perde, não se acaba!
Essa confusão ao longo da história da humanidade quanto ao amor não permite uma conexão firme, genuína e verdadeira entre mães e filhos pois as mães ficam focadas no desejo de “dar o limite” à criança e esquecem que limites são diários. Não existe relação sem limite, toda escolha é um limite.
As consequências de uma infância e adolescência com amores condicionais são catastróficas à humanidade, altos índices de ansiedade, depressão, suicídio e relacionamentos abusivos…
Agora o amor, é o amor inexplicável, capaz de com um beijo curar a dor, com um colo cessar o choro inconsolável, com um olhar acalmar a raiva, o medo, a tristeza e viver um lugar de confiança e de paz.
Que neste Dia das Mães possamos ser amor, amor que é colo, que é acolhimento, assim acolheremos a nós e aos nossos filhos.
Que neste Dia das Mães você abandone a culpa do amor condicional e se entregue à incondicionalidade do amor, vivendo a responsabilidade da maternidade com a leveza que é amar e ser amado.
Que neste Dia das Mães possamos transmitir aos nossos filhos o amor incondicional e assim eles terão a certeza de que, independente dos caminhos pessoais que trilharem, nós sempre seremos colo e acolhimento em qualquer momento da jornada.
Que neste Dia das Mães você ame a si incondicionalmente, a mãe real que você e a mãe que deseja ser, sem cobrança, sem expectativas, apenas se amando.
Que neste Dia das Mães você se alegre por ter sido amada, condicionalmente ou incondicionalmente, mas consciente de que é possível transformar.
Que neste Dia das Mães seja apenas o AMOR!
SOBRE BEATRIZ MONTENEGRO
Beatriz Montenegro é Pedagoga, Neuropsicopedagoga e Educadora Parental pelo API (Certificado Internacional de Apego Seguro).
Mãe do Benício, de 4 anos, é apaixonada por desenvolvimento infantil e pela capacidade de transformação do ser humano.
Atua em consultório particular com atendimentos de crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem, realiza mentoria às famílias que buscam conexão na relação com seus filhos e é fundadora da Comunidade Conexão Materna, um grupo de mães que se encontram de forma online para se fortalecerem e refletirem sobre educação, filhos e desenvolvimento.
É idealizadora dos cursos Desafio do Brincar e Kit Sobrevivência: Rotina Saudável, cujo foco é o estabelecimento de relações saudáveis entre pais e filhos.
@biamontenegro.oficial