O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina (Star Petrolina) deu início ao processo que definirá sua nova diretoria. Em Assembleia Geral Extraordinária realizada na sede da entidade, foi aprovado o regimento eleitoral e escolhida, por maioria dos votos, a comissão responsável por conduzir o pleito. As eleições estão marcadas para o dia 11 de junho.
Entre os nomes que se movimentam para disputar a presidência está o da ex-presidente do sindicato, Lucilene Lima, conhecida como Leninha, que integra a oposição à atual gestão. Ela participou da assembleia e relata insatisfação com a condução do processo.
“O espaço do sindicato comporta cerca de 100 pessoas, mas compareceram mais de 200 trabalhadores. Muitos não conseguiram entrar. Alguns foram impedidos de acessar o local, mesmo apresentando o contracheque de março com o devido desconto da contribuição sindical. Alegaram que a empresa não tinha enviado a lista desses nomes. Isso causou revolta, porque o trabalhador não merece passar por esse tipo de constrangimento”, afirmou Leninha.
Ela também questiona a validade do regimento aprovado durante a assembleia.
“O regimento que foi apresentado não condiz com o estatuto do sindicato. Ele foi lido e aprovado antes mesmo da escolha da comissão eleitoral, o que é incoerente com os trâmites estatutários. O correto seria ele ser elaborado com base no estatuto vigente, que está aqui em minhas mãos, mas não foi isso que aconteceu”, disse.
Leninha aponta que o novo regimento impõe exigências inéditas aos trabalhadores interessados em participar do processo.
“Estão exigindo dois anos de contribuição para que o trabalhador possa disputar as eleições. Mas o estatuto fala em um prazo de seis meses a um ano. Isso exclui muitos trabalhadores, principalmente os que atuam com contratos temporários e sazonais, comuns na nossa categoria. É uma tentativa clara de limitar a participação.”
Segundo ela, nem mesmo os pedidos de fala durante a assembleia foram respeitados.
“Fui tratada de forma desrespeitosa. Pedi destaque para discutir os artigos quarto e onze do regimento e não tive meu direito de fala concedido. Minha advogada também teve a palavra negada. Isso nunca aconteceu em nenhuma das assembleias das quais participei nesses 26 anos de atuação no sindicato.”
A ex-presidente afirma que o movimento sindical deve garantir a participação democrática dos trabalhadores e que a forma como o processo está sendo conduzido compromete esse princípio.
“O projeto não é o sindicato. O projeto são os trabalhadores. Quando perdi a eleição passada, fui para a base, continuei trabalhando com os trabalhadores. Não se faz oposição querendo atrapalhar a gestão. Mas o que está acontecendo agora é grave. O regimento não respeita o estatuto e isso torna o processo nulo.”
Diante do cenário, Leninha confirmou que sua equipe pretende judicializar o caso.
“Vamos ajuizar uma ação para anular esse regimento. Já estamos em diálogo com advogados, inclusive com apoio de um sindicalista, e vamos garantir que os trabalhadores tenham direito à voz, vez e à disputa eleitoral legítima.”
A ex-presidente também questiona o motivo da antecipação das eleições.
“O mandato atual vai até 27 de dezembro. Historicamente, as eleições acontecem entre setembro e novembro. Anteciparam para junho sem nenhuma justificativa clara. Isso nos leva a acreditar que é mais uma tentativa de dificultar a participação dos trabalhadores no processo.”
Ela afirma que há pelo menos três chapas se articulando como pré-candidatas, mas critica o prazo curto para registro, que se encerra já nesta sexta-feira, 17.
“Estamos lidando com um regimento que cria regras de última hora. É preciso transparência. Os trabalhadores têm o direito de saber por que esse processo está sendo conduzido dessa forma e de participar dele de maneira plena e democrática.”
A atual diretoria do sindicato ainda não se manifestou publicamente sobre as críticas feitas.