Há cerca três meses quase 80 motoristas de carros-pipa, que distribuem água para sete municípios do Sertão de Pernambuco, estão sem receber os pagamentos da Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe). Com isso, o abastecimento de água é prejudicado nas comunidades rurais.
Moradores do Assentamento Abreu e Lima, em Lagoa Grande, estão sem receber a água. O trabalhador rural, Francisco Elizeu Macedo, está com a cisterna quase vazia. A última vez que o reservatório foi abastecido foi no mês de novembro do ano passado. “A gente vive na calamidade, porque ninguém tem água e quando posso comprar água compro um pipa da água, quando não posso fico carregando uma aguinha de uma carroça de burro, lá daquelas valetas que tem água lá em baixo”.
De acordo com os pipeiros, pelo menos 80 deles estão sem receber o pagamento em sete municípios: Dormentes, Afrânio, Petrolina, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Orocó e Cabrobó. Por isso, os serviços foram suspensos por alguns deles.
O pipeiro, Everaldo Francisco Coelho, começou a fazer entrega de água em Petrolina e em Lagoa Grande no mês de dezembro, mas parou de trabalhar ainda em fevereiro por falta de condições. “Só no posto dá em torno de R$ 3 mil por mês. Codecipe quando foi feito o contrato falou que com 90 dias pagaria a gente e chegou 90 dias. Eu não aguento abastecer três meses, minhas condições são poucas, eu tenho só um caminhão e eu tenho que manter ele. A população de Lagoa Grande precisando de água, muito carente e eu tenho vários assentamentos. Tem município com 60 residências e o pessoal liga muito para minha casa e eu digo que eu estou parado, porque eu não consigo rodar sem ter condições”, conta.
João Coelho de Amorim fazia o abastecimento em Petrolina, Lagoa Grande e Dormentes. Ele disse que está desde o mês de agosto sem receber da Codecipe. “Alguns receberam Setembro, mas o meu, eles alegaram que deu um erro na conta e até então, não foi resolvido. Depois disso, não resolvi mais nada. Até então, eles só dizendo que vai resolver e até agora nada”.
A dona de casa, Ana Carla de Jesus, recebeu um carro-pipa no mês de janeiro. Na cisterna da casa dela tem apenas um resto de água. “Eu acho que essa água dura menos de 15 dias. Depois disso, vamos esperar que mandem de novo, porque aqui muita gente não tem condições de comprar um pipa de água. É difícil, a maioria ninguém trabalha, só tem o Bolsa Família, não dá nem para se sustentar, imagina comprar um pipa de água.
Em nota, a Codecipe reconheceu o atraso no pagamento dos pipeiros, garantiu que está trabalhando para quitar os débitos, mas não deu um prazo para fazer os pagamentos. (G1)