Nos vídeos que vieram a público neste final de semana, o marqueteiro João Santana disse ao Ministério Público Federal, em delação premiada, que todas as campanhas eleitorais feitas no país usam “caixa dois”.
Ele confirmou o que já havia sido dito ao juiz Sérgio Moro por Emílio Odebrecht, dono da construtora do mesmo nome, segundo quem há pelo menos 30 anos as campanhas eleitorais são feitas no Brasil com recursos de “caixa dois”.
“As campanhas no Brasil são fortemente financiadas dessa forma: caixa dois. Não há uma só campanha no Brasil, vamos dizer 99,9%, e não há um único marqueteiro, eu imagino, que não tenha sido obrigado (a receber) ou que não recebeu (recursos de caixa dois). Não que isso nos isente”, disse o marqueteiro baiano, responsável pela campanha de Lula em 2006 e as de Dilma em 2010 e 2014.
Ele admitiu que se os marqueteiros não concordassem em receber recursos de “caixa dois” pelo seu trabalho as campanhas no Brasil “seriam mais limpas, honestas e democráticas”.
Perguntado sobre se o “caixa dois” não tornaria a competição mais desigual, Santana respondeu: “Torna (a eleição) desigual, mas todos violam a democracia. Pequenos e grandes, cada um à sua maneira. E se associam pra violar. É uma prática generalizada”.
Os vídeos foram divulgados pelo Supremo Tribunal Federal com autorização do ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato no STF. ( Inaldo Sampaio).
