Cotidiano

‘Correios de Petrolina já está privatizado’, diz presidente do Sindicato dos Carteiros

Os trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) em Petrolina aderiram à greve nacional por tempo indeterminado, desde a última terça-feira (19). De acordo com o presidente do Sindicato dos Carteiros da cidade, Antônio Lira, a manifestação é uma reposta ao governo pelas retiradas dos direitos trabalhistas da classe.

“A gente vê o governo atacando a classe trabalhadora com a retirada de direitos. Desde o final de junho entregamos a nossa pauta de reivindicações e em três rodadas de negociações, a empresa simplesmente não apareceu. Eles querem retirar direitos, a gente não tá pedindo nada a mais, apenas que mantenha”, destacou o presidente. De acordo com ele, existe a proposta de redução da licença da gestante e retirada dos vales transporte e alimentação. “Todos os nossos direitos vão por água abaixo”, destacou Antonio Lira.

Em Petrolina, a situação é ainda pior do que em outros lugares do Brasil. O presidente explica que o número de concursados e funcionários contratados está equiparado, sendo aproximadamente 30 carteiros concursados e 20 terceirizados. De acordo com ele, isso comprova que o serviço já pode ser considerado privatizado na cidade, mas que isso é sinal de decadência. “Correios de Petrolina já está privatizado. A privatização vai ser uma grande derrota por causa da soberania nacional, não é apenas entregar carta não. A gente é a única empresa presente em todos os municípios. Em vários lugares estouram os bancos e o pessoal recorre aos Correios. Quem compra uma empresa só visa o lucro. A privatização não é boa para o consumidor, apenas para o Capital”, destacou.

Antônio Lira chama a atenção para o comportamento da população que, segundo ele, não é solidária à causa. “Existe uma inversão de valores porque a população era para estar do lado do trabalhador porque nós estamos pedindo socorro. Agora é proibido lutar?”, questionou.

Até o momento, também aderiram à greve trabalhadores de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Brasília, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Juiz de Fora, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Santos, São José do Rio Preto, Sergipe, Santa Catarina, Vale do Paraíba e Uberlândia.

As negociações junto à ECT vêm ocorrendo em Brasília, sem grandes avanços. Além de adiar a negociação por três vezes e jogar vários temas para depois do combinado, a empresa segue retirando cláusulas e sugerindo alterações que ferem apenas os direitos dos trabalhadores. O Comando Nacional de Mobilização e Negociação (CNMN) vai permanecer em Brasília para tentar manter as negociações.

Alterações e exclusões nas Cláusulas Saúde do Trabalhador:

– Fim da cláusula 33, que garante o pagamento das remunerações ao empregado inapto para o retorno ao trabalho, enquanto ele aguarda julgamento de recurso no INSS;

– Mediação no TST da cláusula 28 (plano de saúde);

– Redução dos dias de ausência remunerada para levar dependentes ao médico e redução da idade dos dependentes (de 18 para 6 anos);

– Alteração de atendimento psicológico por atendimento psicossocial para vítimas de assaltos;

– Fim da ginástica laboral,

– Redução do número de cipeiros, evitando que mais trabalhadores tenham a estabilidade provisória.

Gabriela Canário

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