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“Quem dera ter você de novo”, por Marcelo da Maceno

Por Marcelo Damasceno TRANSRIO FM e Blog Catedral.

Com seu inseparável e incomparável chapéu. Um coco batido de massa em seu prodigioso corpo. Numa coreografia de mungangas sob um repertório com sotaque e ritmo da Paraíba masculina. Genival Lacerda rompeu os limites do Nordeste. Mesmo em uma constelação de amigos extraordinários que alcançaram fama e sucesso como, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Dominguinhos, Marinês e Anastácia, Genival Lacerda manteve sua pessoalidade e independência com pensada simplicidade e autocrítica.

Um paraibano com marca própria, subscrito em repertório oferecendo alegria e deboche com três intenções por ser intencionalmente apimentado e malicioso com permissão social. Lacerda saiu de Campina Grande onde nasceu, movido por sua robustez artística para as rádios e teatros do Recife em Pernambuco. Com os conselhos bem oportunos de amigos como Jackson, Lacerda arriscou seu estilo musical no Rio de Janeiro, onde se apresentou em rádios e gravadoras com topete próprio e venceu. Triunfou tanto que sobressaiu-se a uma trupe de conterrâneos. Em meados dos anos 1970 foi emplacando sucesso um atrás do outro. “A butique dela num emaranhado de Severina xique-xique” lacrou um refrão que transita mais de 40 anos em qualquer fatia social ou etária.

Genival Lacerda foi habitué em todos os programas de tevê do Brasil. Convites desde seu início de carreira até aos seus últimos dias de vida. Genival saltou aos olhos de públicos jovens do sudeste e Sul do Brasil.

Com impressionante simplicidade e um cancioneiro ao gosto irreverente e popular em absoluta fidelidade ao figurino de seu povo nordestino. Sua indumentária indefectível e soberba de cheiro e cores da sua gente.

Genival Lacerda incorpora a múltipla cultura com raízes e manifestações essencialmente fidedignas ao Nordeste por onde passou. Genival Lacerda tinha consciência do seu sucesso e da reverência do povo à sua antologia e liderança artística entre colegas. O respeito conquistado em casa cidade porque passou. De Campina Grande a Petrolina. Foi importante na construção de um discografia rica e com conteúdo sociológico rico. Da sua inquieta e alegre presença em estúdios e rádios por onde passou.

Um nome com saudade boa. Com ilustrações repletas da melhor tradição que nos faz sonhar. Quem dera ter você, Genival Lacerda, de novo, cantando.

 

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