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Bolsonaro nada aprendeu e nada esqueceu

Anda sem sorte Bolsonaro desde que foi o primeiro presidente que tentou se reeleger e acabou derrotado. Justamente no dia em que ele disse não passar de “farsa da esquerda” a denúncia de que os índios Yanomamis morrem de fome, foi anunciada a morte de uma desnutrida índia cuja imagem havia corrido e chocado o mundo.

Entre 2019 e 2022, no seu governo, o Ministério da Saúde registrou a morte de mais de 500 crianças Yanomami, vítimas de doenças como desnutrição, pneumonia, diarreia e malária. Os indígenas sofreram ainda com a falta de cuidados contra a Covid. Lula e 8 ministros desembarcaram em Roraima no último sábado.

Na véspera, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública por causa da falta de assistência sanitária às populações em território Yanomami, que fica a 270 quilômetros da capital do estado, Boa Vista. O território abriga cerca de 30 mil indígenas. O ministro Flávio Dino, da Justiça, falou em “genocídio”.

No primeiro ano do governo Bolsonaro, de janeiro a setembro, morreram 530 bebês indígenas com até 1 ano de idade. No segundo, o desmatamento na Amazônia atingiu sua maior taxa em 12 anos – 10.851 km2. Nas terras indígenas, o desmatamento cresceu 90%. Garimpos ilegais cercam o território desde então.

Dados do Ministério da Educação indicam que 1.029 escolas indígenas não funcionam em prédios escolares; 1.027 não estão regularizadas pelos sistemas de ensino do ministério; 1.970 não possuem água filtrada; 1.076 não contam com energia elétrica; 1.634 não têm esgoto sanitário; e 3.077 não possuem biblioteca.

A reserva indígena Yanomami foi demarcada em 1992, à época do presidente Fernando Collor. No ano seguinte, o então deputado federal Jair Bolsonaro apresentou na Câmara um projeto de decreto legislativo que tornaria sem efeito o decreto de demarcação da reserva. Seus colegas simplesmente ignoraram o projeto.

Em 2016, em vídeo de entrevista ao New York Times, o jornal mais importante do mundo, Bolsonaro afirmou que quase comera um indígena em Surucucu, e que “eles [os Yanomamis] cozinham índios, é a cultura deles”. Para variar, mentiu.

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