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Rodrigo Pacheco é reeleito presidente do Senado Federal
Parlamentar contou com apoio decisivo do governo Lula e derrotou Rogério Marinho, ex-ministro de Jair Bolsonaro
Em uma disputa acirrada, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) confirmou o favoritismo e foi reeleito, nesta quarta-feira (1º), presidente do Senado Federal para os próximos dois anos.
Às 18h18 (horário de Brasília), ainda com a verificação das cédulas de votação em andamento, o parlamentar superou a marca de 41 dos 81 votos, derrotando seu adversário Rogério Marinho (PL-RN).
Realizada tradicionalmente em cédula de papel, a escolha do novo presidente do Senado Federal, que também ocupa a presidência do Congresso Nacional, ocorreu após a solenidade de posse dos 27 senadores eleitos em outubro, o que representa 1/3 das cadeiras.
A sessão foi presidida pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), primeiro vice-presidente do Senado Federal.
Em suas falas direcionadas aos parlamentares, Pacheco e Marinho compartilharam pontos em comum, como a defesa da independência do Senado e o repúdio aos vândalos que invadiram e depredaram o Congresso Nacional e as sedes dos Poderes Executivo e Judiciário em 8 de janeiro.
“Haveremos de estabelecer a independência devida em relação ao Poder Executivo. Um Senado que se subjuga ao Poder Executivo é um Senado covarde, e nós não permitiremos que ele seja subjugado ao Poder Executivo – com o trato harmonioso, porque assim recomenda a Constituição”, frisou Pacheco.
“O Senado precisa funcionar pelo bem do país. As comissões temáticas, as audiências públicas, os debates e a participação popular serão o indutor da volta da conectividade perdida entre o Senado e a sociedade brasileira – isso atestado, infelizmente, por pesquisas que nos colocam, em termos de credibilidade, abaixo de 3% a 4%. Esse é o meu compromisso”, disse Marinho.
O início da votação foi marcado por pedidos de questão de ordem e ocorreu de maneira tumultuada. Primeiramente, houve pedido para orientação de votação pelos líderes de bancada – que foi rejeitado pela presidência da Mesa, sob alegação de a votação ser secreta.
Na sequência, houve um pedido de representação da bancada feminina entre os escrutinadores da votação, feito pela senadora Leila Barros (PDT-DF) e pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC). Atendendo a solicitação, Eliziane Gama (PSD-MA) foi conduzida, representando a bancada feminina.
Em seguida, no momento mais tenso da sessão, parlamentares como Alessandro Vieira (PSDB-SE), Jorge Kajuru (PSB-GO) e Eduardo Girão (Podemos-CE) – que abriu mão da candidatura para apoiar o bolsonarista Rogério Marinho -, utilizaram o microfone para se posicionar contra a premissa regimental do voto secreto e tentaram a permissão para apresentar suas cédulas.
Pacheco era considerado favorito. Além de apoio do Palácio do Planalto, o parlamentar tinha ao seu lado os apoios de PSD, MDB, PT, PDT, PSB, Cidadania e Rede Sustentabilidade. Marinho contava com o apoio formal de três siglas que integraram a base de Bolsonaro no Senado: PL, PP e Republicanos.
Ao longo da semana, o confronto entre ambos foi visto no meio político como um novo capítulo na disputa entre Lula e Bolsonaro. Apesar de estar em viagem aos Estados Unidos desde os últimos dias de seu mandato, o ex-presidente participou ativamente de conversas com senadores em busca de votos ao aliado. A ex-primeira-dama também trabalhou para angariar votos para Marinho, e inclusive esteve presente no Senado Federal antes da votação e durante o pleito.